O futebol carioca não só já dominou o país como sempre se distinguiu por ser bom de se ver. O que há? |
COMO BAIRRISMO não é a praia da coluna, esta será dedicada hoje a lamentar.
A lamentar a terrível queda do futebol carioca.
Veja que na semana passada tivemos quatro jogos especiais para o futebol brasileiro: Nacional x Palmeiras, Corinthians x Internacional, São Paulo x Cruzeiro e Grêmio x Caracas.
Em nenhum deles, nem pela Libertadores nem mesmo pela Copa do Brasil, tinha um representante que fosse do futebol do Rio.
Verdade que, no ano passado, o Fluminense chegou à finalíssima da Taça Libertadores, embora a tenha perdido, em casa, e para a LDU, que nunca tinha sido campeã.
É inegável que tanto há uma crise grave no futebol carioca que desde 2000, quando o Vasco foi campeão brasileiro, nunca mais houve o que se comemorar por lá além dos títulos estaduais -- e duas Copas do Brasil, em 2006/07 da dupla Fla-Flu*.
E aí talvez esteja uma das razões do fracasso nacional e internacional do quarteto de grandes da antiga Guanabara: comemoram demais os títulos estaduais, como se fossem façanhas que na verdade não são, tanto que os principais colunistas do Rio chamam seu Estadual de "me engana que eu gosto".
Dia desses mesmo o companheiro Fernando Calazans, no "Globo", discutia as razões da fragilidade do futebol carioca neste século.
Porque é bom que os mais moços saibam que não foram poucas as épocas em que os cariocas dominavam tecnicamente o nosso futebol.
Não só com sua seleção estadual, nos tempos do Campeonato Brasileiro de seleções, como com seus clubes.
O Flamengo, por exemplo, foi o time dos anos 80 e o Botafogo de Mané só não foi nos 60 porque teve o azar, e o mundo inteiro a sorte, de esbarrar no Santos de Pelé.
Mas, além da hegemonia e independentemente dela, havia um jeito, um estilo, uma escola carioca de jogar bola.
E não era de chinelinho, não. Eram arte e leveza puras.
Se o futebol mineiro surgiu nacionalmente nos anos 60 com o Cruzeiro de Tostão, firmou-se nos 70, até pelo primeiro título do Campeonato Brasileiro conquistado pelo Galo, e se o gaúcho tomou conta nos 70 com o tricampeonato do Inter e se firmou nos 80 com o Grêmio campeão mundial, o futebol do Rio só vem definhando.
O que é rigorosamente uma pena.
E uma pena para os paulistas que gostam de bom futebol e que precisam da rivalidade saudável do eixo Rio-São Paulo.
Sim, porque por aqui também se comemoram os títulos estaduais, mas ninguém se deixa iludir.
Como se treina em dois períodos, como se tem bons campos de treinamentos, centros de recuperação do melhor nível etc. e tal.
O Rio parece que parou no tempo.
E esta coluna faz questão de dizer que, entre as inúmeras teorias que defende, está a de que o Brasil só será o país que sonhamos quando o Rio de Janeiro se reencontrar com o que parecia que seria nos anos 50/ 60.
Razão pela qual, apesar de paulistano, o colunista defende que final da Copa do Mundo tem mesmo que ser no Maracanã e que, se um dia houver condições de se fazer uma Olimpíada no Brasil, a cidade certa é a Maravilhosa.
Mas o futebol do Rio tem de acordar. E já!
Acorda, Rio!
(*Acréscimo feito à coluna do jornal).
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