sexta-feira, 11 de julho de 2008

Entrevista com Carlos Secchin

ENTREVISTA/ANTONIO CARLOS SECCHIN
POR LÍVIO OLIVEIRA
POETA


O poeta potiguar Lívio Oliveira entrevista o escritor Antonio Carlos Secchin, doutor em Letras pela UFRJ, integrante da ABL, detentor de 15 prêmios nacionais e autor de treze livros, como “Os melhores poemas de João Cabral de Melo Neto”, “ Poesia completa de Cecília Meireles” (edição do centenário), “Poesia e desordem”, “A ilha”, “Ária de estação”, “Elementos”, “Diga-se de passagem”, entre outros. Na entrevista, Secchin fala sobre literatura, internet, ABL, Ministério da Cultura, e de autores brasileiros que estão hoje completamente esquecidos.


A internet colabora para o desvio, a subtração, de leitores ou dos leitores potenciais?
Ao contrário, ela fomenta a leitura e traz, potencialmente, toda a literatura do mundo para o monitor do usuário.

Concebe-se uma "literatura eletrônica"? Que importância possuem os blogs e os sites com temas literários ou culturais?
Ainda assim, creio que nada substitui o suporte "livro". Não tenho tempo (nem muita paciência) para ficar percorrendo blogs. Diante da profusão, é necessário ser extremamente seletivo.

Que momento vive a poesia brasileira, hoje? Há novidades consistentes?
Vai bem, e ignorada, como quase sempre.

A Academia Brasileira de Letras tem cumprido o seu papel cultural?
Sim, com uma renovada e ampla gama de atividades: seminários, cinemateca, concertos, publicações. Basta conferir: www.academia.org.br

Como você vê o acordo ortográfico sobre a língua portuguesa?
Sou favorável, mas não vejo "a pátria em perigo" nessa questão.

Traduzir é mesmo trair?
Sim, mas há traições maravilhosas.

O que nos traz o mercado editorial atualmente? O livro é um produto que tem futuro no Brasil?
A quantidade avassaladora de títulos publicados/vendidos nos traz alento. Mas quando percebemos que a grande maioria é de didáticos...

Como vê a atuação do Ministro Gilberto Gil à frente do MinC? A atual política cultural é eficaz?
Gil é muito articulado e competente. Não creio, porém, que tenha priorizado a literatura.

Que lembranças você possui do ano de 68 e que influências ainda tem?
Poucas lembranças. Não vivi os momentos de agitação universitária porque ainda cursava o ensino médio.

João Cabral tem sido lembrado e lido como merece? Quem merece ser lembrado no Brasil?
Sim,” Morte e vida Severina” talvez seja o maior sucesso editorial de toda a poesia brasileira. Não, porque os leitores parece contentarem-se apenas com essa obra, que revela apenas um aspecto de Cabral. A lista dos injustamente esquecidos seria longa, talvez tão extensa quanto a dos injustamente celebrados.

O que deve fazer um jovem que busca ser escritor?
Ler o máximo, escrever o mínimo.

Citaria dez autores essenciais?
Essenciais, não diria, mas importantes: Marcelo Gama, Ernâni Rosas, Carvalho Júnior, Júlia Cortines, Eduardo Guimarães, B.Lopes, Luiz Aranha, Maranhão Sobrinho, Luiz Delfino, Alberto Ramos. Todos mortos. E esquecidos.



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