terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Minha adolescência

Lendo este texto abaixo, me lembrei do tempo em que, na minha adolescência, durante os finais de ano, já de férias da Escola, ficávamos a jogar bola nos campinhos de terra batida do meu querido Barro Vermelho.

Do campinho no sítio de minha querida Bisavó Ana Medeiros, vovó “Nana”, onde tínhamos que chegar bem cedo, depois do almoço, para podermos dar os nossos chutes nas bolas “Dente de Leite”, compradas com o suor de nossas escassas mesadas.

De quanto um furo, não o furo jornalístico, mas o furo de um espinho das plantas que ficavam ao redor dos campinhos, era importante, pois dependia dele a continuação da nossa pelada. Dos “caras grandes”, como eram denominados os meninos mais velhos que nós, que chegavam com sua arrogância e diziam: “Acabou a pelada, agora o jogo é nosso”. Imaginávamos que não existiria coisa pior na vida do que enfrentar os caras grandes.

Mas, para nossa tristeza, Vovó Nana faleceu e como o sítio foi dividido entre herdeiros, perdemos não só o bate-bola diário, a disputa com os meninos maiores mas, também, todo o sítio, que foi loteado e, à medida que os herdeiros recebiam a sua parte, os mesmos vendiam para que fossem construídas casas. Morreria assim, o sítio de Vovó Nana. Mangueiras e sapotizeiras foram derrubadas, assim como na música de Adoniram Barbosa, “Cada árvore que caia, doía no coração”.

E agora, pensávamos nós, como serão os natais sem as peladas. Como ficarão nossos dias. Eis que assim, como um milagre, surgiram outros campos, sendo o mais famoso deles, o Estádio Ricardinho. Como era denominado o campo na residência de Dr. Sérgio Guedes e D. Zizi. Foi como passamos a privar da amizade do grande ponta direita, talvez o melhor de todos os meninos que jogavam lá, Ricardo Guedes, hoje um excelente profissional da Medicina. Foi ali que conheci uma das mais deliciosas frutas tropicais, o cajá-manga, como também a manga-espada, a goiaba, entre outras. Lembro que no intervalo das peladas, D. Zizi, num gesto de cortesia, colocava uma bacia enorme com muita água e gelo, que servia de combustível para continuarmos o nosso bate-bola. O Estádio Ricardinho fazia parte de nossos sonhos de Natal, pois a ganharmos uma bola da marca dente-de-leite era lá que iríamos desfrutar do nosso sonho de menino. Todos sonhavam em ser jogador de futebol, alguns imitavam o negão Alberi, com seus chutes potentes e certeiros, uns queriam ser Santa Cruz, centro-avante que veio da Bahia, com sua elegância e malemolência.

Escrevi esse texto inspirado nas palavras de “Roberto Vieira”, pernambucano, em citação do blog de Juca Kfouri.

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